quinta-feira, dezembro 03, 2015
quinta-feira, agosto 27, 2009
Ler Os 10 Mandamentos do contista perfeito inspirou sê-lo de uma hora pra outra, e o dia matado por saúde deu margem pra tentar, até pela suspeita da doença serem contadas 10 preocupações atuais na minha vida. Ler um ótimo Bukowski, já ter escrito boas crônias e ter um blog esperando esbanjaram estopins pra começar.
Mandamento I. Crê num mestre como na própria divindade.
Nunca fui de ler, mas o Bukowski deve servir. Fiquei boquiaberto talvez literalmente quando ele descreveu uma situação horrorosa de trabalho pesado, esforço e cansaço num matadouro, e o que ele imaginou de coisas maravilhosas nessa hora foi "pensei em óperas de Wagner, em cerveja gelada, na buceta provocante sentada num sofá à minha frente, com as pernas dela cruzadas e eu segurando o copo de bebida na mão e, aos poucos e com firmeza, falando e abrindo caminho para penetrar na mentalidade insensível daquele corpo." Também quero escrever! Mas nunca teria coragem de escrever isso.
Preocupação 1. Programar 1 mês de férias na Europa pra daqui a três semanas
Mandem-me à merda por dizer que isso é um problema. Depois que a passagem tá comprada, parece que tu já foi e já voltou, e não mudou nada na tua vida. "Ganhei o Nobel. E quê?" (Saramago). Procrastinei o planejamento entre os países por meses, e agora encontrei preços grandes e vagas pequenas, mas de maneiras peculiares isso tem tido um lado bom. Só que é uma tarefa a mais no dia-a-dia: escolher cias aéreas, de trem, albergues, programas, e refazer o roteiro toda a hora. A infinidade de países naquele continente abre uma indecisão que exige bater um martelo mais decidido do que o meu costuma ser.
Mandamento II. Crê que tua arte é um cume inalcançável. Não sonha dominá-la.
Ótimo! Se me apego muito, não termino. É assim com projeto mecânico, com cartão de aniversário, com quadros, com músicas, com mensagem de celular, com programação de viagem pra Europa. Te puxa e toca ficha logo. Em um trabalho de projeto de produto na faculdade citei DaVinci: "Arte nunca está pronta, só abandonada".
Preocupação 2. Tratamento da Gagueira e organização de atividades relativas
Têm me tratado como super-herói muita gente que gagueja. Venho tendo sucesso no meu tratamento com métodos que eu mesmo desenvolvi, opinei pra rádios, TVs e jornal semana passada sobre uma lei relativa a gagueira, criei um grupo de apoio para ajudar outros em Porto Alegre, faço exercícios de fala por Skype seguido, vou nas sessões toda a semana e participo de quatro listas de discussão na internet. Quanto mais me envolvo, mais melhoro, e esta foi justamente uma motivação importante pra tanto envolvimento. Opção minha.
Mandamento III. Resiste à imitação, mas imita se o impulso for muito forte.
Sempre preferi não fazer do que imitar. Será que alguém já deixou de ir trabalhar por estar com uma dor de cabeça forte que Neosaldina não resolve desde o dia anterior, e aí leu um conto de um livro que ganhou há anos e resolvou escrever também porque leu sobre escrita no dia anterior? Acho que não, mas isso de citar item por item e comentar abaixo deve ser muito batido. Azar. É o que a casa oferece.
[Começo a espirrar. Coloca pelo menos um moletom, Einstein.]
Preocupação 3. Trabalho
Fazer tarefas longas sem prazo pra terminar nunca será saudável pra mim. Eu adoro a sensação de ter pressão, e aí render muito e matar a pau. Gostaria de desempenhar assim mesmo quando ninguém me cobra, mas não dá. "As tarefas se alongam por todo o prazo que lhes é dado". Ou mais. A crise mundial fez baixar o serviço e fez as pessoas buscarem tarefas inéditas para si, o que faz descobrir talentos ocultos mas dificulta o controle dessas novas atividades. Sei de quem teve tanta pressão no trabalho que parou o carro pra vomitar. Se não estiver com Gripe A nem nada, acho que isso somou, sim.
O Mandamento IV é muito difícil de seguir: "Nutre uma fé cega no ardor com que desejas o triunfo". Pô, não é pra tanto! Quero dar uma escrevidinha aqui, de canto, bem na manha, pra matar a saudade. "Ardor ao triunfo" vou anotar pra minha vida profissional ou qualquer outra área importante. Aliás, recortei esses mandamentos da Zero Hora justamente pra levá-los a outros pontos da minha vida.
A Preocupação 4 são mulheres: as demais, que não quero mais e me procuram, e as de menos, que não encontrei ainda e cada fim de semana que passa eu vejo desperdiçado. Eu tenho, sim, planos pra resolver isso: posso resolver as que sobram de duas maneiras: desenvolvendo uma frieza de não dar bola, me convencendo que a aproximação simplesmente pelo sexo já valeu a pena pra elas também, ou então indo sempre direto nas que eu vou querer seguir depois. E isso me leva justamente às que faltam. E pra isso eu já me convenci que tenho que procurar nos lugares certos. Não dá pra economizar em noite. Eu acho que mulher sensacional tá em lugar sensacional. Elas se valorizam muito mais. É pra lá que eu tenho que ir.
Mandamento V. Não começa a escrever sem saber aonde vais.
Me fodi.
Preocupação 5. Voltar a fazer exercício como eu tinha engrenado tão bem antes de me machucar.
Sempre pra amanhã.
Mandamento VI. "Se queres dizer 'desde o rio soprava um vento frio' não há na língua dos homens mais palavras para expressar isso".
Que alívo! Então as melhores palavras são as que vêm na hora! Mas peraí, não é isso que faz o Chico Buarque. O cara se tranca no porão e lapida meticulosamente cada milímetro. O que eu faço é tentar ser sintético. Já fui elogiado por conseguir dizer muito num pequeno panfleto no Centro Acadêmico, anunciando a tomada das Catacumbas. Na frase de abertura desse texto posso ter até exagerado, porque uma professora de Literatura dizia que a primeira sentença era crucial.
Preocupação 6. Jogar Travian
Nunca na minha vida me imaginei jogando joguinho desse tipo na internet. Mas uma vez jogava xadrez no Yahoo Games - isso sim é legal - e cliquei nesse banner. Que erro na minha vida. O jogo é muito viciante. Tu tem uma vila medieval, vai construindo os prédios e soldados, e faz alianças e briga com jogadores do mundo inteiro. Eu me divirto e até aprendo sobre relacionamento entre pessoas, mas o poder que isso tem de matar tempo útil é superior ao de uma televisão. As ações no jogo demoram horas pra acontecer, então pra ir bem tu tem que checar o dia inteiro. Tomare que dê pau no servidor deles, ou que eu morra logo no jogo, pra me livrar disso.
Do VIIº ao IXº Mandamento, nunca tinha pensado. São geniais como todos esses que o Horácio Quiroga listou. Segundo a matéria ele é muito cancheiro, então também vou acreditar:
VII-Não adjetiva sem necessidade, pois serão inúteis as rendas coloridas num substantivo débil. Se disser o que é preciso, o substantivo, sozinho, terá uma cor incomparável. Mas é preciso achá-lo.
VIII-Toma teus personagens pela mão, e leva-os firmemente até o final, sem atentar senão para o caminho que traçaste. Não te distrai vendo o que eles não podem ver ou o que não lhes importa.
IX-Não escreve sob o império da emoção. Deixa-a morrer, depois a revive.
Eu vou correr porque já tô perdendo o interesse por isso aqui. Eu tenho essa tendência de me hiperfocar numa coisa inesperada e investir muita energia nela, e de repente passar. Vou pelo menos terminar de enumerar.
P7-Morar com os meus pais ainda.
P8-Recaída no aprendizado de como acordar de manhã.
P9-Banda.
Mandamento X. Ao escrever, não pensa em teus amigos nem na impressão que tua história causará. Conta como se teu relato não tivesse interesse senão para o pequeno mundo de teus personagens e como se tu fosses um deles, pois somente assim obtém-se a vida num conto.
Quem me dera. Tô muito, mas MUITO longe de atingir esse nível de abstração. Me prendo totalmente ao público. Eu encerrei as atividades desse blog aqui justamente quando deu pau nos Comments, e aí perdeu o sentido pra mim escrever. Eu pensei nesse mandamento do início ao fim desse texto, mas não adianta: fui sintético por medo de perderem interesse em palavras demais, não dei mais detalhes sobre as mulheres com medo que elas e outras lessem, fui encurtando a dissertação de cada item pra prender a atenção, fiquei imaginando pra quem e como eu ia divulgar o texto no final... Tudo errado, segundo Quiroga.
Que droga.
Sobre a 10ª Preocupação, não tem. Na verdade eram umas 11, mas juntei três num item só e agora no fim faltou uma. Podia ser essa própria dor de cabeça, porque já passou um dia inteiro e ainda tá essa merda me incomodando. Podia ser a falta de um desfecho pro texto. Eu me irrito com contos que terminam de forma superficial, com a idéia de que a leitura em si no meio já tem que ter valido a pena. Todo leitor espera um final legal, que dê pra saber que é o fim sem virar a página confirmando que depois começa outra coisa. Hmm....
Mandamento XI. Fodam-se!
domingo, agosto 16, 2009
segunda-feira, julho 07, 2008
http://picasaweb.google.com.br/digocr/EstDioMSticoFreestyle06JUL2008
terça-feira, abril 17, 2007
terça-feira, abril 03, 2007
A linda repórter Marta é Copyright de Coiote Flores.
O texto é meu.
MARTA ENTREVISTA O ESCRITOR
=Qual seu autor preferido?
-Machado.
=De Assis?
-Sim.
=...
-... [boceja confortavelmente na poltrona]
=Qual foi o livro mais marcante da sua vida?
-Parelho.
=Como?
-Todos um pouco.
=hmm [folheia o bloquinho] Qual o seu-- erm... Qual a sua maior inspiração?
-Mamãe.
=...
-...
=Fale mais sobre ela.
-Classe média, riso fácil, bingo domingo.
=...[respira fundo] Deixe me ver... Quantos... Onde... [folheia o bloquinho, irritada] Tá, eu não vou perguntar mais nada, fale alguma coisa que tiver vontade.
-Ok.
=Ok o quê?
-Poderia ser mais clara? Essa pergunta eu não entendi.
=Olha, quem sabe eu mando uma perguntas por e-mail, e o sr. responde com mais calma?
-Mais calma?
=MENOS calma! O sr. sabia que eu tenho um editor que vai me cobrar material para essa entrevista?
-Que fria, hein? Olha, no que eu puder ajudar, me avise.
=Só preciso de respostas de verdade, que tenham inicio, meio e fim, ou que pelo menos tenham mais de uma palavra! Que mostrem aos poucos a sua personalidade, que prendam a atenção do leitor, que--
-Marta.
=Sim?
-Se tu sabe tão bem que respostas quer, por que não responde tu mesmo?
=E quem faz as perguntas?
-Eu.
=E eu respondo por ti?!?
-Por mim, tudo bem.
=[Suspira] Onde é que eu me enfiei... Vamos lá.
-Você é um escritor emergente que está à beira do reconhecimento nacional. Entre suas influências está Luís Fernando Veríssimo, que teve obras filmadas na Globo. Em "As Comédias da Vida Privada", quem interpretava o genro hippie?
=Pedro Cardoso.
-Muito bem!
=[com as mãos na cabeça] Como assim?!?
-Vamos à próxima pergunta. Naquele Grêmio e Palmeiras na semi-final da Libertadores, Jardel marcou um gol de canela que classificou o time. Quem fez o cru--
=[pegando as coisas para ir embora] Foi um prazer entrevistar o sr., muito obrigado pela INESTIMÁVEL colaboração.
-Espera aí, mas e o material pro editor??
=Não sei, acho que vou DAR A BUNDA pro editor, pra não perder o emprego.
-Por minha causa?
=SIM.
-Bem que me avisaram... Entrevista a sós na casa do entrevistado sempre acaba em sexo.
=Se acabasse em sexo eu teria aproveitado mais!
-Hmm... Então... tu veio pelo material, não é?
=Estava sub-entendido desde o início, se tratando de uma entrevista!
-Como fui ingênuo!!
=Olha, eu vou pra casa, vou escrever as perguntas, vou escrever as respostas e vou publicar.
-Mas e o sexo? Digo... E o material? Digo... E aí? Olha, se foi alguma coisa que eu disse... Ou não disse? [pensa consigo mesmo] Ó, não esquece a caneta. A porta é pro outro lado. Digo, a porta é por aqui, ó, vou te mostrar. Ok, ok, essa foi péssima. Ficou irritada? Não bata a por-- [BLAM]
segunda-feira, abril 02, 2007
quinta-feira, abril 13, 2006
Henrique & Dalila se Aprontam pro Ballet
(“=” é a Dalila e “-“ é o Henrique)
– Eu preferiria que tu passasses as minhas camisas primeiro do avesso.
= Henrique, tu passa gel e te acha importante.
– Como assim importante?
= Conjuga os verbos certinho e fica cheio de frescura. Ó: guarda o ferro de passar.
– Eu passei gel pra não me incomodar com as tuas tias, não pra conjugar verbos.
= Elas nem reparam nisso!
– No último ballet da tua priminha que a gente foi elas comentaram mais sobre o meu cabelo do que sobre a performance da guria.
= Também! Tu parecia o pica-pau! Me alcança o secador.
– Quem parecia o pica-pau era TU, dando risada da situação.
= Ai, Henrique, mas é que tu botou meu priminho na garupa pra fazer um grau com a minha família e ele se botou no teu cabelo! Como é que eu não ia rir?
– QUE guri tinhoso! TINHOSO! Cadê minhas meias?
= Não sei, também tava procurando.
– Ih, não sei se vai dar pra ir, hein...
= Como assim?!?
– Ué... Sem meia é difícil...
= Henrique, não faz fiasco! Já tá tudo combinado, já estamos quase prontos, tu já passou gel, já tá importante, agora vamos!
– Dalila, agora falando sério: tu acha que eu fico bem mesmo de gel?
[Nota-se a preocupação do Henrique, querendo mesmo uma confirmação sincera sobre o assunto]
= Lindo.
[Henrique sorri, triunfante]
– Será que não colocaste minhas meias sob o bidê?
= Debaixo da mesinha?
– Sim. Sob o bidê.
[Dalila suspira e vai olhar]
= Deixa eu ver... Tá aqui, sim! Pronto.
– Não tinha reparado como esse saia é curta...
= Tu fez isso só pra eu me abaixar?!?
– Quem botou a meia ali foi tu! Safada.
= Tá, Henrique, bota a meia e vamo embora. Que foi? Que tá me olhando com essa cara de... Henrique! Não dá tempo! Não quero chegar atrasada.
– Mas aí é que é bom! Chegamos com a peça já começada e não precisamos ficar cumprimentando as tuas t-- ...cumprimentando ninguém!
= Mas não fica bem chegar atrasado...
– Nem tô.
= Ainda mais pra alguém importante...
[Henrique pára.]
– Tens razão. Vamos embora.
quarta-feira, março 29, 2006
Henrique & Dalila Atrás do
Presente Criativo
(“-“ são falas do Henrique e “=” da Dalila, como de costume)
-Uma bola!
=Nossa, Henrique! Pensou nisso sozinho?
-Uma gaita de boca!
=Uma cuia!
-Hmmm... Uma funda!
=Hmmm... É... [estalando os dedos] É... É... Uma arma de paintball!
-Peraí! Peraí! Ããã... Ééé... [estalando os dedos e fazendo sinal de “peraí” pra Dalila] Ó! Ó: um engradado enorme de Toddynho!
=Não... Uma bicicleta!
-Bah, voltou pros anos 80, né. Parece prêmio do Bozo.
=Tá, um jogo do Gugu então!
[Os dois caem na risada]
=Um pôster dos Beatles!
-Não, ele só ouve merda. Bah, quem sabe uma cópia da chave da casa dele? Ele sempre esquece!
=Um dicionário e uma gramática pra ele parar de soltar as pérolas dele!
-“Eu não TRÚSSE a minha chave!” [E entre risadas:] “Dá uma cadeira que não SEJE FLOXA!”
=Uma cérebro, quem sabe?
-Hahahah! Mágico de Oz, né?
=Pior!
-Bah, e um DVD?
=Acho que ele já tem...
-Dalila!!! Hahahahahah!
=Ai, tô brincando, né! [Ela leva na brincadeira:] Bocó!
-Tá, vamo sacanear ele: uma meia e um cinto! Bah, quando eu era guri eu ficava PUTO quando me davam meia ou cinto.
=E um vale CD, hein?
-Se era pra dar vale CD nem precisava tá esse tempo todo discutindo, né! Dava pra tá fazendo coisa muito melhor...
=E um-- ai, Henrique! Tira a mão, ouve o que eu tô dizendo.
-Tá. Fala.
=A gente tinha que dar um presente que ele nunca ganhou, que ele sempre vai lembrar, que-- dá pra tirar a mão??
-Tu quer mesmo que eu tire? Olha que eu tiro, hein!
=...
-Fala.
=Quem sabe um vale de uma noite num motel?
-Ah! Era nisso que tu tava pensando?
=Ai, não incomoda.
-Vem cá.
=Henrique!!! Vamo decidir o presente? Pode ser?
-Tá, dá uma idéia aí.
=Hmmm... Um... Um...
-O quê?
=Um... Ããã... Deixa eu ver... Ah! Um chapéu de gourmet!
-Bucha! Decidido.
=Tá! E onde a gente compra? Ai!!!
[Henrique dá praticamente um golpe de judô e os dois caem na cama. Dalila não acha nem um pouco ruim, mas dá uma reclamadinha pra fazer um charme. Fica um clima ótimo e Henrique começa a... Bem... Não preciso entrar nesses detalhes, né? A história não era sobre isso, era sobre-- nossa! Olha o que ela tá fazendo! Erm... Digo... Bom, acho que vou parar de narrar agora, deixo vocês aqui. Tchau. Uau! Que loucura! Bah!!]
segunda-feira, dezembro 12, 2005
sábado, julho 02, 2005
Henrique, o video-game e Dalila
=Que horas são?
-Tá beleza, amor.
=Eu perguntei que horas são! Dá pra parar um pouco e me ouvir?
-Quantas tu quiser.
=Quantas o quê?
-...
=Eu vou fazer pastel. Tu quer de carne ou de queijo?
-Ahan.
=Ahan o quê?? Dá pra parar com esse video-game?
-Mario Kart.
=NÃO PERGUNTEI QUE JOGO É. PEDI PRA TU PARAR E ME DIZER QUE PASTEL TU QUEEEEERRR!!!
-Porra!!! Não precisa gritar, também! Eu quero pastel sim.
=Pastel de quê?
-Porque eu tô com fome, ora bolas.
=Henrique, se tu não desligar essa merda de video-game eu tiro a fita dele e faço PASTEL DE MARIO KART!
-Sim, amor, to jogando Mario Kart. Eu já tinha te dito. Parece que tu não ouve o que eu falo, às vezes.
[Naquela noite Henrique não comeu pastel. Aliás, não comeu NADA.]
sábado, abril 23, 2005
Henrique e Dalila
no Fim de Semana
("-" são falas do Henrique, e "=" da Dalila)
[Henrique vai saindo com uma malinha e um isopor pequeno na mão.]
-Lila! Fui!
=Peraí! Vai aonde?
-Ué! No churrasco dos meus amigos, né!
[Falou Henrique, cheio de convicção, como se fosse totalmente óbvio, pra evitar que ela reclamasse.]
=Mas que churrasco??
-Mas eu já te falei há um tempão! Lembra?
[Falou nada.]
=Henrique, não acredito que tu vai sem mim sem me convidar!
-Mas Lila, o que que tu ia fazer lá? Morrer de tédio? Um bando de homem bebendo e falando de futebol!
=Ah! ENTÃO EU NÃO POSSO ENTENDER NADA DE FUTEBOL? É MUITO PRA MINHA CABECINHA DE MULHER?!?
-Que é isso, Lilinha! Claro que tu entende de futebol!
["Essa eu vou ter que contar pros meus amigos", pensou ele contendo o riso.]
-É que eles ficam lá, sem camisa com o barrigão de fora, arrotando, falando palavrão, fazendo comentários nada a ver de coisas sem importância e dando risada, bêbados...
["Nossa! Preciso ir logo! Deve tá muito bom!" pensou ele.]
=Mas se é tão ruim, tu vai fazer o que lá?
-Bom, amigo que é amigo tem que estar presente nas horas desagradáveis também!
=E namorada que é namorada também! Por que não me convida?
-Mas só vai ter homens lá. Quer ir só tu de mulher?
=Pelo menos posso ver tu jogar bola! Tu sabe que eu gosto de assistir. Por que não me convida?
-Mas a gente nem vai jogar bola hoje!
=Fico ouvindo música!
-Eles só ouvem hip-hop!
=Tomo banho de piscina!
-Nem tem piscina lá!
[Nisso, chega na porta o Genaro, amigo do Henrique, que veio dar carona pra ele, gritando:]
HENRIQUE! As guria que vão levar os CDs dos Beatles tão perguntando se é pra ir com o biquini combinando com o uniforme do nosso time pra torcer. Vamo logo!
[Saía fumaça pelas orelhas da Dalila e ela mudava de cor variando entre tons de vermelho e roxo]
=HEN-RI-QUE!!!!
-Calma, Lila! Eu não sabia de nada disso!
[E o Genaro:]
Ah! E eu trouxe o dinheiro pra te pagar. Quanto deu pra cada um? Tu conseguiu aquele desconto pra pegar a piscina e a quadra o dia inteiro?
[Começa uma perseguição em alta velocidade pela casa. Dalila xinga Henrique de nomes que ela nem lembrava que sabia, e Henrique grita "Porra, Genaro! Mas tu também, né!". Genaro abre uma cerveja pra assistir. Henrique e Dalila dão duas voltas completas na mesa de jantar, numa cena ridícula. Ela joga um ou outro objeto nele. De repente, encurralado na área de serviço, ele se vira, abraça ela e tenta acalmá-la. Ela, sem poder mexer os braços, dá um pisão no pé dele. Agora sim ela podia se acalmar um pouco. Depois de passar a "ofegância" dos dois e a dor no pé dele, Henrique tenta convencer Dalila de que ele tinha algum motivo muito nobre pra "omitir aqueles aspectos do churrasco". Genaro, já na 5ª lata, ia ter que dar as chaves do carro pro Henrique.]
-Tá! Tá bom, Dalila. Vamo resolver isso então? Tá. Então vamo resolver.
[Cheio de razão...]
-Eu te convido então, Dalila: vamo no churrasco comigo?
=Pro teu conhecimento, EU, tá, e as MINHAS AMIGAS, tá, vamos hoje na casa da Ju e da Carla ver a sala nova que elas pintaram e mobiliaram, tá.
-TU NÃO PODE IR NO CHURRASCO E TAVA FAZENDO ESSE FIASCO TODO?!?
[Fumaça pelas orelhas...]
[Nisso aparece a Laura, amiga da Dalila, e apressa ela:]
+Vamo logo, guria! Despedida de solteira da Martina é só uma vez na vida!
-DA-LI-LA!!!!
sexta-feira, abril 15, 2005
Henrique e Dalila em Busca
da Mesa Ideal
("-" pra ele, "=" pra ela...)
=Setenta e três.
-Não serve.
[Henrique e Dalila foram juntos comprar um mesa para Dalila. Estão em uma dessas lojas gigantes (não é em shopping) que tem todos os tipos de mesa pra tudo que é lado. Cada um dos dois com uma fita métrica na mão.]
=Setenta e dois.
-Não.
=Ai, Rico, mas essa é tão bonita!
-Mas Lila, tá fora da altura oficial. A altura oficial é setenta e nove centímetros.
=Aquela ali então.
-Parece meio alta.
=Essa tem... oitenta e cinco.
-Lila! Tu sabe que na ponta dos pés eu canso logo e não tenho tanto controle.
=Tá bom, tá bom.
-Achei! Setenta e nove! Certinho.
=Ai, amor! Essa é fraquinha! Quer que eu me esborrache no chão?
-Ah, é. Óbvio! Não me liguei.
=Como assim "óbvio"? Tá dizendo que eu sou gorda?
-Não, minha pluminha.
[Dalila sorri, faceira.]
-Ó: oitenta. Serve.
=Ai, mas essa borda alta vai machucar a minha perna...
-Hm. Olha, essa outra aqui tem oitenta também.
[Dalila chacoalha um pouco e a mesa faz um nhec nhec nhec.]
=Essa faz muito barulho.
-Tu sabe que tu faz muito mais barulho do que isso!
[Risadas dos dois.]
=Aquela ali! Aquela ali!
-A amarelinha?
=A amarelinha! A amarelinha!
-Vamo ver... Setenta e cinco. É pequena.
=Ai, amor, é só tu abrir um pouco as pernas pra ficar mais baixo!
-Hmm... Vamo testar.
=Na frente de todo o mundo?
-Só de mentirinha, né, bobinha! Vai, senta.
[Dalila senta na mesa. Já que ninguém na loja parecia prestar muita atenção nos dois, Henrique se aproxima pra testar a altura.]
-Vem mais pra cá. Péra... Aí. É, acho que essa dá.
=...
-Que foi? Ficou com vontade?
[Dalila faz uma cara que deixou bem claro que sim.]
-Eu fiquei com vontade também.
=Sim, eu já percebi perfeitamente!
[Henrique olha pros lados. As poucas pessoas que estão na loja estão meio longe e parecem ocupadas.]
-Nessas horas tu nunca tá de saia...
=HENRIQUE!!!
-Não te faz, porque tu tá a fim também.
="Só de mentirinha, né, bobinha"! Seu... seu... seu vigarista! Só me enrola.
[Risadas dos dois.]
-Tá, vamo logo pagar essa mesa e ver quando eles entregam.
=Como assim "quando"?!? AGORA! Não cabe no carro pra levar agora?
-Bem capaz!
=Então vamo achar uma que caiba no carro e vamo logo pra casa!
-Mas amor, de repente eles entregam ainda hoje.
="Ainda hoje" não é agora! Será que nenhuma outra cabe no carro?
-Bom... MESA acho que nenhuma vai caber... Mas nós dois cabemos...
[E com pressa lá se vão os dois pro estacionamento resolver o problema. E a mesa e o resto do mundo que esperem.]
segunda-feira, abril 11, 2005
Dalila Já Volta
=Depois eu venho aqui.
-Tá.
[Henrique espera.]
[Se Henrique ainda tivesse ido falar com ela, ouviríamos:]
-Eu fiquei te esperando. Tu não falou que já voltava?
=Maneira de dizer.
sexta-feira, abril 08, 2005
Henrique e Dalila no Capricho
("-" é Henrique, "=" é Dalila)[Eles andam na rua, lado a lado, pela Vasco da Gama.]
=Os caras daquela camiserta "NO STRESS" devem ter feito muita grana.
-Só se foi na primeira, porque depois todo o mundo copiou.
=Apareceu muito "genérico", né?
-"NO APORRINHAÇÃO". HAHAHAHHAHAHAH
=E o bacana eram os NO, YES também.
-Tipo?
="NO VACA, YES DROP"
-Pois é, esse eu nunca entendi
=Não entendeu?? Ai, Henrique...
-O que significa?
=...
-Hein?
=AH! E tinha aquele outro também: NO PAGODE, YES ROCK'N'ROLL NA VEIA.
-Inventou agora esse, né?
=Ai, Henrique! Por que tu sempre fica perguntando as coisas??
-.
=Bah, olha ali! "Lavanderia NO CAPRICHO". Deve ser mais barato já que não tem capricho.
-Mas esse tá em português! Não é "nou" capricho, é "no" de "no" mesmo! Eles lavam no capricho.
=...ai, eu sei, né! Falei brincando, tá?
-HAHAHAAHAHAHAA
=Seu GROSSO!!
[Dalila apressa um pouco o passo e passa a andar na frente de Henrique, muito braba. Ela se vira pra trás e diz pra ele:]
=Aliás, antes fosse grosso, porque hoje tu falhou!
[Henrique fica possesso e aperta o passo pra andar do lado dela de novo. Ele pede satisfação:]
-Como assim, Dalila??
=NO FALHA, YES GROSSO
-Pra começar, a culpa foi TUA!
=Minha?!? NO DESCULPA, YES RECONHECER QUANDO FALHA.
-Sim! Tu quer que eu me excite com a TV ligada no Telecurso 2000 ensinando a usar um torno mecânica pra usinar peças de aço?!?
=Olhaí! Ficou prestando atenção no que o barbudão do Telecurso dizia.
-Pelo jeito foi TU que prestou atenção. Ah! Então era POR ISSO que tu não queria desligar? Pra ver o barbudão?? Tu tava te imaginando com ele?!?
=N... Nã... Não, bem capaz!
-NO BARBUDÃO, YES TÔ PUTO DA CARA AGORA!
=NO INSEGURANÇA, YES MOSTRAR RESULTADO NA CAMA!
-Ah! Eu não mostro, é?
=N... Ai, tu entendeu... E eu? Por acaso não mostro?
[Seguem andando, Henrique abraça Dalila pela cintura. Henrique não resiste e brinca:]
-Na próxima vez vamo pôr o DVD do Kid Abelha pra eu me imaginar com a Paula Toller.
=PAULA TOLLER?? A Paula Toller podia ser tua MÃE!
-Tá, e tu podia ser minha irmã e mesmo assim te acho...
=Me acha o quê?
[Henrique sussurra no ouvido de Dalila o que ele acha dela. Ela dá uma risadinha.]
=Ai, Rico! Não me aperta assim na frente dos outros. Tu sabe que quando tu me aperta aí eu fico...
-...o quê?
[Dalila sussura no ouvido de Henrique como ela fica. Eles seguem caminhando, sorrindo, cada um olhando pra um lado.]
=Rico...
-...
=Quem sabe a gente volta? Acho que eu... ã... esqueci... a TV ligada!
-É?
=É, melhor a gente voltar. TV ligada é um problema. Vamo voltar.
-Lila...
=Hm?
-Vamo uma no capricho?
=NO TV, YES "UMA NO CAPRICHO"!
terça-feira, março 29, 2005
Henrique e Dalila Procuram
o Primo Escandinavo
("-" são falas do Henrique e "=" da Dalila)
Dalila dormia e sonhava que estava no mesmo hotel que o Pelé, numa ilha fictícia mas que no sonho era muito famosa, e no sonho dela o Pelé era desejado por todas as mulheres. Nada poderia ser melhor do que ter o Pelé para si. Ela vai no restaurante do hotel, onde os garçons andam nus, plantando bananeira, e também literalmente plantando bananeiras: de cabeça para baixo, eles põe sementes de bananeira em vasos de terra, e elas crescem instantaneamente. Mas, no sonho dela, "bananeiras" na verdade são pés de bergamota, e os hóspedes colhem as bergamotas e comem (o restaurante se resume a isso). Entre os hóspedes colhendo bergamotas, amigos de infância de Dalila que ela não vê há muitos anos (todos nus). Um deles, de São Paulo, discute com outro, de Pelotas, se o certo é Bergamota ou Tangerina (note que nesta altura do sonho já foi esquecido que eram pra ser bananas). De repente, milhares de mulheres lindas estão gritando, muito empolgadas com alguma coisa. Todas elas estão nuas e gritando muito alto, histericamente. Milhares? Sim, agora todos estão em um enorme estádio (óbvio!) e ninguém mais lembra que antes era um restaurante de um hotel. Do meio dessa multidão aparece o Pelé, o motivo da histericidade de todas aquelas mulheres. Ele vem fazendo balõezinhos com uma bola de futebol e é o único vestido. Ele colhe uma bergamota (mas já não tinham saído do restaurante?!?) e vai andando em direção a alguém para oferecer esta bergamota. E justamente pra quem? Quem?! Quem, meu Deus?!?! Para Dalila! Ele estende a mão para ela e diz:
-Dalila! Acorda logo que café da manhã não é vinte e quatro horas, sabia?!
Era o Henrique. Nem precisa dizer que ela passou o dia de mau humor.
Henrique e Dalila estavam em um hotel em Caxias porque um primo distante do Henrique veio para o "I Congresso Mundial de Aplicações do Modo Mixolídeo no Século XXI". Eles tomam o café da manhã e vão para o congresso procurar o tal primo. Chegando lá, num grande centro de eventos, há estandes, praças de alimentação, locais para mini-cursos, locais para cursos grandes, um anfiteatro enorme, vendedores ambulantes e muitas, muitas pessoas de todos os tipos caminhando pra lá e pra cá.
=E agora? Como vamos achar o teu primo? Será que é fácil reconhecer alguém da Nova Zelândia? Digo, Finlândia?
-Suécia.
=Suécia!
-Vamos ver. Tem essa área de eventos aqui, e tem o centro de convenções, mais pro lado de lá.
=Mas ele tá aqui? Ou ele tá lá?
-Acho que tá, sim.
=Mas onde?
-O quê?
=Ele!
-Ele o quê? Não ouvi o que tu falou, bocejei bem na hora.
=Ai meu Deus...
-Que foi Dalila?
=Henrique, onde tá teu primo?
-O quê?
=ONDE TÁ TEU PRIMO?!?!
-Ããããle!! Não precisa gritar também! Pra que esse ódio todo no coração?
[Dalila respira fundo]
=Henrique: o teu primo tá aqui? Sim ou não?
-Sim!
=Tá. Onde ele tá?
-AQUI! Tá surda?!?
=Mas aqui aonde?!?
-Ah, aqui aonde tu quer saber?
=SIM! EU QUERO SABER AQUI AONDE!!!
-Bom, sei que ele chegou ontem.
=Aonde?
-No Brasil, ué!
=MAS É ÓBVIO QUE ELE TÁ NO BRASIL! EU QUERO QUE A GENTE ENCONTRE ELE DE UMA VEZ E PRA ISSO PRECISO SABER EXATAMENTE ONDE ELE ESTÁ!
-Tá, Dalila: vou consultar meus satélites da Nasa e te digo precisamente a latitude e a longi-
=PORRA HENRIQUE! MAS QUE MERDA!!!!!
-Shhhhhiu!! Não tá vendo que tá todo mundo olhando pra ti? Olha aquele sueco ali, tá até rindo de nós agora! Te comporta, fassuavor.
=Sueco?
-Bah! Deve ser o meu primo! Vamo ali.
[Henrique vai falar com ele em inglês, idioma que Dalila não domina]
=E aí, era ele?
-Era o Larson, sim.
=Bah! Mas e por que não tá mais falando com ele?
-É que na verdade ele não é o meu primo.
=Era outro Larson?
-É. Na verdade ele é mesmo o Larson que eu vi inscrito no congresso, mas não é o meu primo. Na verdade ele disse que metade dos suecos se chamam Larson.
=Mas como tu não teve certeza disso antes de fazer a gente vir de Porto Alegre só pra isso?!?
-Pô! Não conheço nenhum outro Larson, é um nome esquisitíssimo. Pensei: tem um "LARSON" nesse congresso; eu tenho um primo chamado "LARSON"; meu primo deve estar nesse congresso! Ainda mais que os dois são suecos. Como eu ia saber que metade da Suécia se chama Larson?
=Mas tu não viu que era outro sobrenome?
-Mas meu primo não tem o meu sobrenome. É que não é assim PRIIIIMO, sabe? Não é primo-irmão. A minha tia-avó tem uma sobrinha emprestada que é meia-irmã de uma mulher que foi pra Suécia e lá se casou com um sueco.
=E esse sueco é o teu primo?
-Cunhado da ex-mulher desse.
=Tu me fez VIR ATÉ CAXIAS nessa MERDA de congresso pra encontrar um... um... NEM SEI O QUÊ! E NA VERDADE NEM ERA ELE!!
-Tu tens inveja, cara Dalila, pois tua família não tem ramos da árvore genealógica estendidos no além-mar, assim como a família desse que vos fala.
=AAHHHH!!!! EU TE ODEIO!!!!! PEGA ESSE ALÉM-MAR, ENROLA E-
-Dalila!! Não deixeis a inveja tomar conta de ti.
[Dalila perdeu todas as paciências que tinha. Se virou de costas e saiu.]
-Onde tu vai?
=Vou ver se pelo menos descubro que que é essa merda de Modo Mixolídeo.