Henrique & Dalila se Aprontam pro Ballet
(“=” é a Dalila e “-“ é o Henrique)
– Eu preferiria que tu passasses as minhas camisas primeiro do avesso.
= Henrique, tu passa gel e te acha importante.
– Como assim importante?
= Conjuga os verbos certinho e fica cheio de frescura. Ó: guarda o ferro de passar.
– Eu passei gel pra não me incomodar com as tuas tias, não pra conjugar verbos.
= Elas nem reparam nisso!
– No último ballet da tua priminha que a gente foi elas comentaram mais sobre o meu cabelo do que sobre a performance da guria.
= Também! Tu parecia o pica-pau! Me alcança o secador.
– Quem parecia o pica-pau era TU, dando risada da situação.
= Ai, Henrique, mas é que tu botou meu priminho na garupa pra fazer um grau com a minha família e ele se botou no teu cabelo! Como é que eu não ia rir?
– QUE guri tinhoso! TINHOSO! Cadê minhas meias?
= Não sei, também tava procurando.
– Ih, não sei se vai dar pra ir, hein...
= Como assim?!?
– Ué... Sem meia é difícil...
= Henrique, não faz fiasco! Já tá tudo combinado, já estamos quase prontos, tu já passou gel, já tá importante, agora vamos!
– Dalila, agora falando sério: tu acha que eu fico bem mesmo de gel?
[Nota-se a preocupação do Henrique, querendo mesmo uma confirmação sincera sobre o assunto]
= Lindo.
[Henrique sorri, triunfante]
– Será que não colocaste minhas meias sob o bidê?
= Debaixo da mesinha?
– Sim. Sob o bidê.
[Dalila suspira e vai olhar]
= Deixa eu ver... Tá aqui, sim! Pronto.
– Não tinha reparado como esse saia é curta...
= Tu fez isso só pra eu me abaixar?!?
– Quem botou a meia ali foi tu! Safada.
= Tá, Henrique, bota a meia e vamo embora. Que foi? Que tá me olhando com essa cara de... Henrique! Não dá tempo! Não quero chegar atrasada.
– Mas aí é que é bom! Chegamos com a peça já começada e não precisamos ficar cumprimentando as tuas t-- ...cumprimentando ninguém!
= Mas não fica bem chegar atrasado...
– Nem tô.
= Ainda mais pra alguém importante...
[Henrique pára.]
– Tens razão. Vamos embora.
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