Digo (digo mesmo)



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quinta-feira, abril 13, 2006

Henrique & Dalila se Aprontam pro Ballet



(“=” é a Dalila e “-“ é o Henrique)


– Eu preferiria que tu passasses as minhas camisas primeiro do avesso.

= Henrique, tu passa gel e te acha importante.

– Como assim importante?

= Conjuga os verbos certinho e fica cheio de frescura. Ó: guarda o ferro de passar.

– Eu passei gel pra não me incomodar com as tuas tias, não pra conjugar verbos.

= Elas nem reparam nisso!

– No último ballet da tua priminha que a gente foi elas comentaram mais sobre o meu cabelo do que sobre a performance da guria.

= Também! Tu parecia o pica-pau! Me alcança o secador.

– Quem parecia o pica-pau era TU, dando risada da situação.

= Ai, Henrique, mas é que tu botou meu priminho na garupa pra fazer um grau com a minha família e ele se botou no teu cabelo! Como é que eu não ia rir?

– QUE guri tinhoso! TINHOSO! Cadê minhas meias?

= Não sei, também tava procurando.

– Ih, não sei se vai dar pra ir, hein...

= Como assim?!?

– Ué... Sem meia é difícil...

= Henrique, não faz fiasco! Já tá tudo combinado, já estamos quase prontos, tu já passou gel, já tá importante, agora vamos!

– Dalila, agora falando sério: tu acha que eu fico bem mesmo de gel?

[Nota-se a preocupação do Henrique, querendo mesmo uma confirmação sincera sobre o assunto]

= Lindo.

[Henrique sorri, triunfante]

– Será que não colocaste minhas meias sob o bidê?

= Debaixo da mesinha?

– Sim. Sob o bidê.

[Dalila suspira e vai olhar]

= Deixa eu ver... Tá aqui, sim! Pronto.

– Não tinha reparado como esse saia é curta...

= Tu fez isso só pra eu me abaixar?!?

– Quem botou a meia ali foi tu! Safada.

= Tá, Henrique, bota a meia e vamo embora. Que foi? Que tá me olhando com essa cara de... Henrique! Não dá tempo! Não quero chegar atrasada.

– Mas aí é que é bom! Chegamos com a peça já começada e não precisamos ficar cumprimentando as tuas t-- ...cumprimentando ninguém!

= Mas não fica bem chegar atrasado...

– Nem tô.

= Ainda mais pra alguém importante...

[Henrique pára.]

– Tens razão. Vamos embora.