Digo (digo mesmo)



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quarta-feira, agosto 25, 2004

Recife é o lugar mais do caralho no Brasil que eu conheço depois de Porto Alegre. Não que eu conheça muito o Brasil e nem que eu conheça muito fora do Brasil, mas que é muito do caralho é!

Tem a parte antiga cheia de prédios e igrejas antigos lindos, principalmente quando tem uma rua 100% antiga cheia de barzinhos que abrem de noite com mesinhas na rua. Um clima muito do caralho.

Tem a parte nova, afinal Recife tem 3 000 000 habitantes, mais de duas Porto Alegres. Conheci a federal de Pernambuco. A praia deles lembra as cariocas. Uma puta extensão, calçadão bacana com quiosques organizados, cheia de gente mesmo na baixa temporada de agora que eu fui. Mas essas praias, com seu mar verde e azul, tem um porém: um porém cheio de dentes, cartilaginoso e que nada no rasinho. Ao longo da praia tem placas em inglês e português avisando dos TUBARÕES (sim, que nem os da TV), já que Recife é o lugar com mais ataque de tubarão NO MUNDO.

Tem muito gringo em Recife. Portugues, americano, italiano, etc, etc, etc. Fiz amizade com um inglês e também com um escocês que é meu xará!: Roderick. :) Nunca tinha me ligado que eu tinha um nome equivalente em inglês, mas já tinha pensado em usar "Rod" pra quem nao sabe dizer Digo e Rodrigo por ser de outro país. E várias pessoas de lá achavam que eu era gringo. Várias mesmo. Brancão, alto, cabeludo. Tem poucos desses por lá. Uns vinham falar em inglês comigo (eles tem ímã de gringo e vão direto tentar arrancar dinheiro de ti de alguma forma, como o Manoel tinha me avisado).

Certo que vou esquecer milhares de coisas nesse relato aqui.

Colado em Recife tem Olinda, com mais prédios antigos ainda. Pra mim foi emocionante entrar numa igreja de 1540. Eu ficava imaginando aquelas pessoas de antigamente ali no mesmo lugar que eu mas com uma cabeça completamente diferente... Loucura.

A duas horas de Recife tem Porto de Galinhas, um lugar muito do caralho: é uma cidadezinha 100% turística (é SÓ hotel, restaurante e lojinha) que na praia tem piscinas naturais formadas pelos arrecifes (corais) que parecem grandes pedras. Quando a maré baixa, fica água retida nas piscinas, cheia de peixinhos dentro. Aluguei uma máscara de snorkle e fiquei olhando os peixes, caranguejos e coisas estranhas que eu não sei a que reino ou filo pertencem.

Uma das coisas mais legais da viagem é que foi de barbada: a passagem de avião eu tinha direito por ter milhas pela Varig do tempo que o colégio pagou minhas viagens pros EUA pra competir com o robô, e a hospedagem... eu dormi num BARCO de um amigo do meu pai. :) É um barco grande, 36 pés, e tinha outro gaúcho dormindo nele (tem dois quartos, além de uma salinha no meio, geladeirinha e fogão) que era gente finíssima e dividia suas Brahmas. :) Sem gastar em passagem e em estadia (em Porto de Galinhas fiquei num albergue a OITO pila), só gastei em coco, macaxeira (nosso aipim, mas eles servem em tudo que é bar um pratão cheio de aipim com uma carne a escolher no meio - por que ninguém pensou nisso aqui ainda?!?), bugigangas, etc.
Mandei muito postal pra POA. Pra casa, pras vós, pra Cláudia, pro Leo... E mandei uma carta pra casa também! Curti isso. Mandei uma folha A4 frente e verso contando as novidades. Acho mais pessoal que e-mail e mais claro do que telefone, que tem que ser com pressa ("meu caro amigo eu bem quis telefonar, mas a tarifa não tem graça...").

Eles dão muito valor à cultura lá, pelo que eu vi. Tem bastante teatro, cinema, exposições de arte... Me parece que lá é mais fácil viver de arte. Pensando bem, no jornal de lá só mostrava uns 3 ou 4 cinemas, contra dezenas que tem aqui em POA com a metade da população deles... Assisti dois filmes de uma mostra de ciname espanhol: um curta meio experimental que tinha um personagem genial, aquele homem do livro de ciências do colégio com os músculos e veias aparecendo em azul e vermelho, e vi um longa chamado... hmmm.... Intacto!! Era sobre pessoas com muita sorte que faziam desafios entre si com apostas grandes confiando muito na sua sorte absurda. O cinema espanhol me parece estar crescendo muito, mesmo sem saber do seu passado. Não conseguiram escapar de alguns clichês nesse longa, mas mostraram muita qualidade.

Eu vi um baobá!! Lembra do Pequeno Príncipe? Pois é! Ele tinha razão! 3 baobás já cobririam todo o seu planetinha B-612. Estimei 5 metros de diâmetro. Tirei foto e peguei um raminho de 3 folhinhas (elas vêm de 3 em 3). Eu sou o pior turista do mundo. Peguei duas ou três conchinhas nas praias também. Acho que assim detona os lugares, né? Sei lá.

Era inverno lá. O inverno deles é um clima de temperatura amena e agradável e com bastante chuva. E as chuvas deles são muito desaforadas! São Pedro passa dos limites: eu andando na rua, tranqüilão, do nada começa uma garoa. 15s depois começa uma chuvaraaada fortissima, saí correndo. Ela dura 15s e volta a garoa, mais meio minuto volta o tempo bom!! Comecei a rir sozinho na rua. Ou chove ou não chove, porra!

Quando revelar as fotos (pela tendência, daqui a uns dois anos) talvez eu tente postar uma ou outra aqui. Acho que vai ficar legal a foto de quando eu aluguei uma bicicleta pra ir ver o mangue.

Maracatu é muito do caralho! Pra mim é Rock'n'Roll, Bossa Nova e Maracatu, não necessariamente nessa ordem. Na verdade eu ja tinha visto isso em POA. Maracatu tem aqueles tambores grandões (alfaias) afinados por cordas, tem a caixa da bateria, e aí tambem pode ter chocalho e um apito pra coordenar a parada. É muito bom. Eu toquei alfaia!!!! Tu bota toda tua energia na batida. São duas baquetas meio pesadinhas. É bom demais! Quero um desses pra mim! heheheh É muito contagiante, eu adoro essas batucadas e tal. E não tinha instrumento de nota, fora um agogô gigante que fazia duas notas.

Uma vez num barzinho começou uma roda de Coco, que é um desses ritmos que eu não sei diferenciar. Um velho e um gurizinho com pandeiros, o velho cantava com uma felicidade muito contagiante, e chegou um cara da minha idade com uma alfaia e um outro batia palma. Acho que eu era o único branco por ali (no NE tem bem mais negros que aqui). Como foi bonito aquilo pra mim! Eles pareciam estar muito bem ensaiados, tocavam super bem. Tentei o pandeiro, mas pra mim é muito dificil. Me dei melhor com a alfaia mesmo.

Comprei licor de Jenipapo, que eu já conhecia e curto muito, e de chocolate com pimenta (!) que eu achei mto interessante. Primeiro tu sente o chocolate e depois a pimenta lá no fundo, é bem interessante.

Manoel, pq nao me falou que era o lugar mais do caralho?? Gostos, né. :P E também, viagem em família e viagem sozinho devem ser bem diferentes.

Vou ficando por aqui. Se eu não parar eu não paro.
Abraços!!
Digo