Digo (digo mesmo)



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quarta-feira, outubro 23, 2002

Digo

@ Junto com o shampoo, graminhas. Pedaços de grama iam do meu cabelo pro ralo. Espero que todos tenham saído.

@ A Joyce (minha namorada) ligou pro celular; mas não pude falar muito: estava entrando no banho e ainda bem ofegante.

@ Enfim, a praça da Encol! Deitei num pequeno aclive muito conveniente pra um merecido descanso! Já tinha deitado na grama recém cortada hoje há algumas horas, mas desta vez eu estava com os pulmões cansados, e então a situação me lembrou Imbé.

@ T9 parando na minha parada paradisíaca para mim. Ah, pára! (desculpem, eu sei que foi péssima, não resisti). Vi que não ia dar tempo de pegar ele pra vir pra casa, então caminhei tranqüilamente. Mas logo pensei: "e se eu correr? Não. Não dá tempo." E depois: "mas o que vai ser melhor: 'corri mas nao cheguei' ou 'nao corri e talvez tivesse conseguido'?
Saí correndo feito louco. Ele arrancou, já ia dobrar a esquina. Os carros passando nao me ajudavam muito, mas eu acreditei que o transito que me sacaneava sacanearia ainda mais o próprio T9. Atravessei a rua que divide o Parcão, corri, corri, corri, corri lomba acima. O T9 tinha parado em uma parada, mas já seguia adiante. "O pior que pode acontecer é eu ter que esperar o próximo ônibus umas paradas depois". Continuei correndo. Perdi ele de vista quando ele dobrou a esquina. Subi, subi, dobrei, dobrei, corri, corri. E lá estava ele parado numa sinaleira! "Chegando ofegante assim o motorista não vai me sacanear..."
O diálogo aconteceu todo em mímica:

-Toc Toc
- A-an, não vai dar.
-Toc toc toc
-Não posso te deixar entrar, cara. Só na outra parada.
-Por favor.
-Só na outra.
-Tu vai dobrar à direita?
-Vou seguir reto.

Fui reto, fui reto, subi, subi, corri corri. Ali estava a plaquinha azul, pequena obra de arte, cores lindamente escolhidas, onibusinho preto desenhado com poesia, com perfeição. Que placa linda essa de parada de ônibus! Um espetáculo à parte!
Estendi o braço pra chamar o ônibus, num gesto de alívio.

-Só na outra - mimicou ele de novo.

Logo reparei que na parte inferior da placa estava escrito "Lotação". Placa do inferno! Aposto que essa placa é o papel de parede da sala de estar do diabo! Vergonha da sinalização urbana, nunca se viu tamanha aberração artística em 500 anos de história!

Aí eu corri mais, subi mais, sempre reto, na frente do ônibus, mas ele mais rápido. Alguns passageiros entenderam tudo e uns faziam apostas se eu conseguiria ou não. Não identifiquei se o riso da guria bem da frente era de "putz, que trouxa" ou de "essa perseverança dá gosto". No alto da lomba, o alívio: muitas pessoas juntas na calçada: se não for comício, é parada de ônibus. E era a parada! Entrar e pagar ao cobrador foram tarefas muito mais fáceis do que respirar.

@ Dos benefícios que Castelo Branco trouxe ao Brasil, dos que me lembro agora e que me favoreceram de forma mais direta, o maior foi o monumento erguido em sua homenagem no Parcão (aquele troço enferrujado de 15 metros). Embaixo dele tem uma graminha, uma graminha agradabilíssima! Quando cheguei o pessoal tava no auge do clima, acho, com violão e conversas divertidas.
Mas para meu desencanto, o que era doce acabou; foram todos pro MACquinho, depois que o Digo chegou.
Felizmente voltamos ali depois. Ótimo lugar, tem que ser o lugar oficial de encontros. E o Parcão me parece mais acolhedor que a redenção, apesar de nao ter o brique. Tempo agradável depois, meu celular despertou, alarmando a hora de ir pra casa. De T9.

@Almoço na vó Carmen. Levei a flauta pra dar uma canja. Sabia que eles iam achar interessante, mas esperava mais entusiasmo [Fui mais elogiado à noite, na festa do meu pai aqui em casa (para a qual tomei banho)]. A essa altura meu vô já tava dormindo. Depois de almoçar ele não é de fazer muito esforço pra segurar as pálpebras, não.

@ Acordo às 11:30 sem despertador pra mais um dia. Vou contar pra vocês o que aconteceu nele, até a hora em que a Joyce e os convidados do meu pai vieram pra cá. ;]